quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

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   Ontem foi um dia estranho. Hoje é um dia de reflexão e nem se quer é domingo.
Apercebi-me que provavelmente estou a tirar o curso errado e que nunca vou conseguir entrar no que quero por falta de notas. Provavelmente o facto de as candidaturas terem sido há um mês atrás também ajuda a minha rejeição por parte das universidades. Apercebi-me que só estou com ansiedade e stress outra vez porque levo as coisas demasiado a sério e porque gosto demasiado das pessoas. E depois tudo corre mal e começo a não gostar delas porque elas não querem saber de mim da mesma maneira que eu quero saber delas. Isto faz-me sentir que voltei ao 9º ano quando eu odiava toda a gente e não queria saber de literalmente nada. Talvez foi por isso que fui tão feliz nesse ano e as consequências dos meus actos vieram todas uns anos depois.
   É tão cliché pensares que és tão diferente dos outros, mesmo conhecendo pessoas tão parecidas contigo, mas sempre acreditei que toda a gente é um pouco, nem que seja mesmo muito pouco, diferente do resto da população. E talvez tenha razão. Quais são as possibilidades de ires a um concerto sozinha porque mais ninguém no teu grupo de amigos e conhecidos gosta do artista em questão? Let's be real, não são muitas. Mas não tem mal, acho que nunca me senti tão livre num espaço tão cheio de gente.
Lembro-me de ir uma vez a um concerto com a Catarina (quando eu ainda era amiga dela, ou ela era minha amiga, porque servia-lhe para qualquer coisa. Depois ela conheceu alguém melhor) e eu me estar a divertir e ela dizer "Wow, também não é assim tão bom. Tem calma". Como é que é suposto nos sentirmos confortáveis num espaço que nos agrada à frente daqueles que escolhemos como nossos amigos?
Eu bem sei que ninguém à minha volta estava a dançar tanto ontem como eu e eu não quero saber. Eu aproveitei o meu tempo no concerto como eu queria. Não tive de me preocupar com nada (talvez só com o facto de que podia vomitar a qualquer momento porque estava mal da barriga).
   Também me apercebi de outra coisa. A única razão pela qual estive quatro anos apaixonada pelo meu ex-namorado foi porque ele partiu-me o coração e isso nunca me tinha acontecido. Quem normalmente partia corações era eu, não eram os outros que se envolviam comigo.
   Espero que desta vez, comece a viver a minha vida de maneira que eu quero.

Someone can only mark themselves as being different from others if they also share some common cultural signs with others.
R. Bocock, 1993, Consumption


(Isto é a coisa mais parva e mais infantil que escrevi em muito tempo, mas perdoem-me que já não escrevia há meses. Tudo vai ficar melhor)

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